No último dia 03 de maio, os alunos do curso “Comunicando a Rua”, que promove aulas de educomunicação para a população em situação de rua, fizeram uma roda de conversa para debater sobre a abordagem feita pela mídia com a Pop Rua.
Todos os alunos se manifestaram, mas apenas dois deles quiseram expor suas ideias aqui no site oficial da Rede Rua. Alguns revelam que têm receio em expor sua opinião. Para Jhonson, como é chamado pelos colegas, a mídia influencia, e muito, no modo como vivemos nossas vidas.
“Percebo o quanto a mídia me influenciava, no modo de vestir, de me alimentar, até mesmo de me expressar. ‘Nossa, saiu aquele lançamento ‘x’ (tênis, brinquedo, suplemento alimentar e outros)’, ou ‘nossa, haverá greve nos transportes, vão ter aumentos diversos?’”, comenta.
Ele também pensa que a mídia, muitas vezes, não passa a informação de forma isenta. “Acredito que hoje a mídia é um jogo de interesses em sua maioria onde a manipulação e o lucro prevalecem muito mais que a magia de anos atrás, onde, claro, a credibilidade estava em primeiro lugar, ou, digo, a minha inocência era maior...”, reflete.
O poder que a mídia desempenha sobre a vida de todos foi avaliado por Charles Reinmuller, outro aluno do curso, como algo impossível de calcular a dimensão. Programas como o que o Datena apresenta, por exemplo, podem representar riscos para várias pessoas, inclusive moradores em situação de rua, já que, no programa, é incentivada a prática de “justiça com as próprias mãos” – na maioria das vezes, contra pessoas em situação de vulnerabilidade social.
“O Datena usa um bordão que “bandido bom é bandido morto”. Na minha opinião ele foi infeliz porque o efeito desta pequena frase pode ser catastrófico. Mas, enfim, ela, digo a imprensa, entra na casa das pessoas e influencia demais!”, opina.
Charles, porém, comenta como o papel da mídia é importante para sabermos sobre assuntos de política. “Desde pequeno gostei, e ainda gosto, de assistir televisão, noticiários e o caos político que o país atravessa, ou seja, mais de um ano em acusações e prisões, e tudo começou, ainda me lembro da CPI do Mensalão, que mesmo os leigos falavam ‘vai acabar em pizza’”, relembra.
No curso “Comunicando a Rua”, as propostas de aulas são sempre voltadas aos debates, reflexões, direitos humanos e direitos e deveres da Pop Rua, de modo que, cada vez mais, os alunos estejam mais próximos da cidadania, que lhes é um direito não atendido pelo Estado.
Charles encerrou a discussão com uma reflexão poderosa: A arma fatal do povo é, com certeza, o voto!!!
*O curso acontece às quartas feiras, no Refeitório Penaforte, Bela Vista – São Paulo.